Mas, aproveitemos a didática do caso para comentar como geralmente se dão os erros em jornal. Alguém trocou as bolas e o falecido importante apareceu identificado como mulher. Embora grave, mas um erro menor, perto do que a imprensa faz todos os dias, ele é decorrente da pressa das redações. Trabalhamos contra o tempo e o tempo é um guri dos bem arteiros, quanto mais corremos, mais ele nos testa e nos apresenta ao erro.
De todas as atividades em jornal, essa de publicar a lista dos mortos, o necrológio como diriam os antigos, sempre foi a que odiei. Tinha que mandar o motorista buscar a lista na Central de Lutos e depois digitar nome por nome -- velhos, mulheres e crianças --, eu ficava mal mesmo, coisa que não desejo a ninguém.
Lembro-me do da que estourou a Primeira Guerra do Golfo, já passava da meia-note e tive arrumar lugar nas páginas já fechadas para noticiar a guerra. Tirei outras notícias e junto foi o obituário. Na manhã seguinte, entro no jornal e está aquela confusão de telefonemas, um mundo de leitores reclamando da falta da lista dos mortos. Daquele dia em diante tomei mais cuidado e soube que notícia mesmo é aquela que está perto do leitor, o resto é curiosidade.
Mais tarde pude comprovar isso com maior profundidade ainda, quando no interior de São Paulo escutava a única rádio AM da cidade e que apresentava logo após a Hora do Angelus o necrológio local, por volta das seis horas da manhã, num oferecimento Funerária a Caminho do Céu (não é piada!). Simplesmente, o programa de maior audiência da cidade. Ora, começar o dia sem saber quem já morreu e não ter conversa nas rodinhas de aposentados que se formavam na praça deveria ser chato pra burro!!!!
Tem uma outra história da estagiária que se assustou com o número de natimortos na lista e veio me consultar se tinha havido algum acidente grande de trânsito, <<porque tinha muita gente da família Natimorto na lista!!!>> - História com testemunhas, que outra hora conto em detalhes!
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