sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Política, biografias e corruptos foram feitos no mesmo caldeirão


A corrupção é uma praga que atinge a política brasileira e de resto todo o mundo. Creio que política e corrupção foram criadas no mesmo caldeirão do capeta e bem jutinhas. São coisas antigas, aquecidas pela fogueira do mesmo quintal em que homem desenvolveu seu espírito gregário e resolveu delegar funções administrativas para um síndico da aldeia. Deduz-se que as famosas frases “essa assinatura não é minha”, ou “eu não sabia de nada”, ou “perguntem aos meus assessores”, ou “cunhado não é parente” remontam dessa época que também marca o nascimento do puxa-saco, conhecido algures e alhures como lambe-botas.

Mais adiante na história, e agora com registros mais ou menos confiáveis, a Roma antiga cai pela corrupção e o uso indiscriminado de punhais nas costas das vítimas e quando não, veneno na comida e bebidas. A decadência romana vem do suborno, tráfico de influência, dilapidação do erário, roubo, assassinatos e da venda de cargos públicos, inclusive os de generais e o de chefe máximo do Estado. A coisa ficou mais descarada depois da morte de Júlio César (Caius Iulius Caesar, 100 - 44 a.C) Ora, se é possível assassinar um ditador de “origem divina”, como poupar outros cidadãos que se colocavam temerariamente no caminho dos conspiradores e desonestos? É bom que se diga que César morreu depois de receber oito punhaladas nas costas. Os assassinos tiveram destino semelhante ao de César, até mesmo Brutus (Marcus Junius Brutus - 85- 42 a.C), familiar do ditador que teria recebido suas últimas palavras: “Et tu, Brute?” . Mas sobre isso não há consenso entre os historiadores e dramaturgos. Para Willian Shakespeare (1564-1676), quem deu a última palavra foi Brutus, ainda com o sangue de César fresquinho nas mãos: “...Then fall, Caesar”  – Então caia, César.

Bom, essa discussão agora nos parece inútil, porque não importa aqui a frase final que marcou o assassinato do ditador. O que restou foi apenas a moral da história, ou seja, quando o assunto é poder, tudo vale, pois o silêncio alcançado pelos conspiradores certamente deveu-se a promessas e suborno a seus pares no Senado. E eis aqui nossa abordagem inicial: a corrupção que se abraça à política e ao político e muitas vezes num abraço de afogado. Tem gente que prefere jogar uma vida fora, o próprio nome na lama, para garantir vantagens privadas com a coisa pública.

Por essas razões, os corruptos mentem e sustentam a mentira na maior safadeza. Quando vejo governantes – e aí pode ser presidente, magistrado, ministro, deputado, senador ou até mesmo um vereadorzinho de meia pataca –, jurarem que miado de gato é latido e que rolar na sujeira é a melhor maneira de se limpar, sinto em mim instintos primitivos não iguais, porém semelhantes aos que motivaram Brutus e seus desafortunados amigos, porque a corrupção é a raiz da miséria e indigência intelectual de boa parte de nosso povo. Mas depois me acalmo, porque creio que, mais cedo ou mais tarde, a justiça será feita, mesmo que seja póstuma, ao se escancararem as tristes biografias dos corruptos nos livros de história.

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