A corrupção é
uma praga que atinge a política brasileira e de resto todo o mundo.
Creio que política e corrupção foram criadas no mesmo caldeirão do
capeta e bem jutinhas. São coisas antigas, aquecidas pela fogueira do
mesmo quintal em que homem desenvolveu seu espírito gregário e resolveu
delegar funções administrativas para um síndico da aldeia. Deduz-se que
as famosas frases “essa assinatura não é minha”, ou “eu não sabia de
nada”, ou “perguntem aos meus assessores”, ou “cunhado não é parente”
remontam dessa época que também marca o nascimento do puxa-saco,
conhecido algures e alhures como lambe-botas.

Bom, essa discussão agora nos parece inútil, porque não importa aqui a frase final que marcou o assassinato do ditador. O que restou foi apenas a moral da história, ou seja, quando o assunto é
poder, tudo vale, pois o silêncio alcançado pelos conspiradores
certamente deveu-se a promessas e suborno a seus pares no Senado. E eis
aqui nossa abordagem inicial: a corrupção que se abraça à política e ao
político e muitas vezes num abraço de afogado. Tem gente que prefere
jogar uma vida fora, o próprio nome na lama, para garantir vantagens
privadas com a coisa pública.
Por essas
razões, os corruptos mentem e sustentam a mentira na maior safadeza.
Quando vejo governantes – e aí pode ser presidente, magistrado,
ministro, deputado, senador ou até mesmo um vereadorzinho de meia pataca
–, jurarem que miado de gato é latido e que rolar na sujeira é a melhor
maneira de se limpar, sinto em mim instintos primitivos não iguais, porém semelhantes aos que motivaram
Brutus e seus desafortunados amigos, porque a corrupção é a raiz da
miséria e indigência intelectual de boa parte de nosso povo. Mas depois
me acalmo, porque creio que, mais cedo ou mais tarde, a justiça será
feita, mesmo que seja póstuma, ao se escancararem as tristes biografias
dos corruptos nos livros de história.
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