terça-feira, 29 de outubro de 2013

Repórteres da Globo entram na onda de criminalização da revolta do povo contra a violência do Estado

No início da CBN em Curitiba, nos meados dos anos 90, seguíamos o manual de redação da Globo. Uma tortura porque era fraco no português e terrível na pré-censura. Hoje fico abismado quando vejo os repórteres da TV liberados e esbanjando adjetivos, tais como vândalos, bandidos, arruaceiros, etc quando se referem aos protestos (e só aos protestos populares). Hoje, mostraram no telejornal do meio-dia uma comunidade revoltada pela morte besta de um jovem por um policial. O foco da notícia não foi a morte besta em si, mas os ´´baderneiros´´ que se revoltaram contra a morte besta. Chegaram até mesmo falar em punição para os vândalos, mas nada mais falaram sobre o crime que gerou todo o protesto.

Queria ver esses repórteres usando os mesmos adjetivos contra o governo quando encontram pessoas morrendo nos corredores dos hospitais, nas filas do SUS, mortos por bandidos incompetentes da área da Saúde. Então, aí sim, acreditaria no jornalismo isento que prega o manual da Globo já nos seus primeiros parágrafos. Não fossem os esforços do governo para criminalizar os movimentos populares nas ruas, inclusive com pronunciamentos da presidente Dilma nesse sentido, não fossem os fartos anúncios do governo na emissora, até acreditaria que o abandono do manual de redação nessas ocasiões seria por falta de dinheiro para reimprimi-los e serem dados a esses repórteres que aceitam tudo, inclusive abandonar os princípios éticos da profissão, entre eles babar-ovo do governo, qualquer governo.

A morte do estudante Douglas Rodrigues, de 17 anos, baleado por um policial militar durante uma batida ocasionou a segunda noite de protestos violentos nos arredores da Vila Medeiros, zona norte da capital de São Paulo. Pelo menos quatro ônibus e dois caminhões foram incendiados. Um homem foi baleado.

Douglas foi atingido no início da tarde de domingo, quando passava na frente de um bar do bairro junto ao irmão de doze anos. Moradores dizem que o policial atirou de dentro do carro, atingindo o tórax do rapaz. Ainda ferido, ele teria perguntado ao policial por que este o havia atingido.

Revoltados, moradores locais foram às ruas protestar. Um grupo botou fogo em dois ônibus e um carro. Na terça-feira, após o enterro do rapaz, manifestantes fecharam a rodovia Fernão Dias e deram início à segunda noite de protestos na zona norte da capital paulista.

Pelo menos dois caminhões e quatro ônibus foram incendiados. Houve registros de saques. Um homem foi baleado durante os protestos e dezenas foram presos pela polícia.

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