Conhecida pelos seus rapapés e discursos rasga-sedas, amorfa e quase sem oposição, e cartorial, nossa Câmara de Curitiba não é mais tediosa. Desde a saída do ex-presidente Derosso e colaboradores, que hoje dão expediente em cargos comissionados na Prefeitura, acusados de corrupção, o clima na Casa tornou-se menos amigável, caminhando para o desamor total.
Com feridas não cicatrizadas desde o final do ano passado, ontem o pau quebrou novamente e os vereadores tiveram que discutir o relacionamento: "Não interessa o título que me chamem. Eu sou o presidente eleito. Querem ganhar no tapetão, mas a maioria já decidiu legitimamente. Na vida, temos que saber ganhar com humildade e perder com dignidade. Infelizmente, faltou vocabulário para alguns vereadores se expressarem hoje”. Foi com essa declaração, dada à imprensa logo após o encerramento da sessão desta terça-feira (3), que o vereador Ailton Araújo (PSC) resumiu o debate sobre a legitimidade da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal, eleita no final do ano passado e que entrou em exercício na sessão de segunda-feira (2).
Araújo reagiu após Valdemir Soares (PRB) ter se dirigido a ele, diversas vezes, como “presidente sub judice” e de ter ouvido Jorge Bernardi (PDT) afirmar que a eleição teria sido uma “trapaça”. Diversos vereadores se manifestaram sobre o tema, sendo que a grande maioria declarou apoio à Mesa Diretora eleita.Soares, que foi derrotado por Felipe Braga Côrtes (PSDB) na disputa pela 1ª vice-presidência, sustentou que houve “manobra” para que a chapa encabeçada por Araújo vencesse a eleição, mas ponderou que acatará o que a Justiça decidir, ao mencionar que ações no Poder Judiciário tentam reverter o resultado. E a briga seguiu, com o choro de outros derrotados acusando "trapaça" no processo eleitoral, como Jorge Bernardi (PDT, mesmo partido do prefeito), citando uma CPI do Transporte Coletivo que até agora não deu em nada.
As acusações de Bernanrdi foram rebatidas por Salamuni, atual líder do prefeito na Casa, que defendeu a legalidade da eleição, bem como a legitimidade dos eleitos. “O Ailton é presidente de fato e de direito”, frisou, ao reforçar que nenhuma ação proposta na justiça pelo bloco adversário prosperou por não se basear em “fato concreto”.
Salamuni ainda desafiou Bernardi a apontar onde houve “trapaça” na eleição e o acusou de ter ficado do “lado errado, que absolveu o ex-presidente João Cláudio Derosso”. “Eu respeito a sua história, mas peço que seja recíproco. O prefeito precisa do seu auxílio e você divaga e tergiversa. Nunca trapaceei, mas você me desrespeitou no dia da eleição e eu relevei isso. Mas tudo tem limite”, desabafou.
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