quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Brasil, a pátria da arte bajuladora

A coisa começou lá no Império Romano, com poetas, escritores e dramaturgos, enfim, intelectuais, puxando o saco dos governantes. Não que não tivessem talento, ou sensato sentimento crítico, tão caros e necessários à arte, mas aqueles bárbaros tempos exigiam isso, caso contrário, exílio e morte. O grande poeta Ovídio é um exemplo do que escrevo. 
Tal costume perdura até os nossos dias, entretanto, supostamente mais civilizado. O que está em jogo é muita grana, que financia um monte de picaretagens -- geralmente, bolsas de estudo no exterior, excursões, viagens, peças de teatro de gosto duvidoso, edição de livros amorfos, filmes sem pé nem cabeça e grandes shows de músicos consagrados ou não, por meio das tais leis de incentivo à cultura, ou falcatruas legais e ilegais equivalentes. Isso sem contar os chamados apoios culturais de estatais como a CEF, Banco do Brasil e nossa combalida Petrobras, entre outras. Picaretagens, em fase industrial, que evitam as críticas de alguns "artistas" ao governante de plantão. É a troca da bajulação pelo silêncio, é a torneira da água podre da arte vendida e de qualidade duvidosa. 
Portanto, para ter uns trocados no bolso, bajular virou a regra que alguns seguem de forma devota, como única exigência para aprovação de seus duvidosos projetos. Para esses "artistas", o mecenato de estado significa a obrigação do erário de financiar o "ócio produtivo" e garantir o caviar de cada dia, em troca de elogios baratos a políticos e outros pilantras do tipo, tudo isso num país de miseráveis. Sujeito que nega isso, certamente está com os beiços nas tetas públicas, ou espera vez para avançar na primeira teta que aparecer. 
Não há de se negar que, no meio dessa bandalheira toda, não exista gente bem intencionada, projetos sérios, arte de verdade, artista de verdade. Mas, como já escrevemos, a bajulação nessa área é regra. Para ser exceção, há de se questionar a regra e poucos o fazem, porque preferem jogar esse joguinho de cartas marcadas e dinheiro fácil, muito fácil. 

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