Certas palavras, em português, nascem nome da coisa porquanto deveriam ser geradas como qualidade da coisa. "Paralelepípedo" por exemplo, com sete sílabas já diz que a coisa é feia e pesada. Agora, a palavra "peteca" vem cheia de fofura e maciez, feita de leves plumas e esvoaçantes penas; palavra de alcova, para ser dita entre amantes e, portanto, não é à toa que é sinônimo informal da cuja - feminina e bela.
Outras há que já nascem condenadas pelos hipócritas iletrados por se assemelharem a nomes feios. A palavra "borceta" (ou boceta) é uma delas, talvez uma das mais injustiçadas de nossa língua, que nada mais é do que uma pequena bolsa feita para guardar fumo e que os falsos pudicos a evitam e se afrescalham ao designá-la apenas como "bolsinha de tabaco". Isso dito, não tropece em paralelepípedos linguísticos, pois peteca é uma coisa fofa e comestível dependendo do rijo fumo que você guarda na borceta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário