quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Na guerra pelo Iguaçu, Gleisi é a mais fraca e vulnerável


Verão e velas eleitorais enfunadas em mares aparentemente tranquilos. Mas nada disso, a corrida eleitoral já começou no Paraná. De saída, neste quente mês de janeiro, trocas de farpas entre o governador e candidato à reeleição Beto Richa (PSDB) e a ex-ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT). Na realidade, uma tentativa da petista no sentido de construir uma falsa e antecipada polarização e assim, escolher o seu adversário, que julga vulnerável, mas não é. Nesta história toda, a que está mais exposta ao naufrágio trágico é ela. Ou seja, ao provocar Richa, ela se utilizou de antiga e infantil estratégia para desviar e dar menor valor aos outros possíveis candidatos que navegam por fora, como por exemplo, o senador Roberto Requião (PMDB) ou aqueles que podem surgir dependendo dos ventos até os meados deste ano, nas convenções partidárias. Fala-se, aliás, numa inversão de chapa no PSDB, em que o senador Álvaro Dias concorreria ao governo e Beto Richa ao Senado.

Para a candidatura de Requião se consolidar, basta o aval do complicado PMDB paranaense e a vontade do senador para enfrentar mais uma dura campanha. Caso Requião não saia candidato, a tendência de boa parte da base de seu partido é apoiar Beto Richa, pois ele conta com vários quadros peemedebistas como aliados.

Em qualquer eleição, Requião faz a diferença, porque conta com um eleitorado fiel, que admira seu estilo desafiador. Estilo repetido no Senado, com uma boa atuação; questionador, levando às cordas várias vezes o governo Dilma em problemas graves como o leilão do petróleo do pré-sal, que classificou de criminoso, em função de ser praticamente uma entrega a companhias estrangeiras do patrimônio dos brasileiros. Requião foi duro, não obstante seu partido ocupar cargos importantes nos altos escalões do governo petista.

Assim, de todos os pré-candidatos ao governo do Paraná, Requião é o que está em menor exposição às tormentas que deve passar a política brasileira nos próximos meses. Ao se desconsiderar que o governo Dilma costuma ter os próprios pés como obstáculos, há de se levar em conta tropeços previsíveis no meio do caminho da presidente: uma Copa duvidosa em seus gastos; obras prometidas e que não serão inauguradas ou construídas; má condução dos gastos governamentais e gestão dos recursos públicos; voracidade por impostos; uma população pronta para protestar; e o estouro de uma inflação camuflada, que está tirando o poder de compra dos trabalhadores; além de outra crise financeira internacional que se anuncia e que deve revelar, desta vez, os países emergentes no centro do palco dos horrores e não mais como platéia apenas. Os sinais dessa crise podem ser observados diariamente com o péssimo desempenho das empresas brasileiras nos pregões das bolsas de valores, sendo que, a Petrobras, é a que mais vê seus recursos se evaporando de um dia para o outro, em apenas um mês deste ano, que mal começou, a estatal perdeu quase R$ 40 bilhões de seu valor de mercado.

Quanto a Beto Richa, sem qualquer ônus absorvido do governo Federal, ele precisará explicar a origem da dívida em que o Paraná está afundado e, em função disso, a quase total paralisação de alguns setores, como a Segurança, sabidamente deficiente em quase todo o Estado, principalmente em Curitiba e Região Metropolitana. A seu favor, além de uma máquina bem afinada e experiente em eleições, ele conta com o grande desenvolvimento alcançado pelo Paraná, em setores como a Agricultura, com o anúncio de uma safra recorde para este ano e a criação de empregos em todos os setores, com ênfase na Indústria e Comércio.

Com isso, neste navegar por mares perigosos e profundos, numa viagem que promete terminar em ainda distante outubro ou novembro, a situação mais complicada é a da ex-ministra Gleisi, profundamente identificada com o PT. Marcada pelo governo petista, que tenta se levantar todo o santo dia, por efeito das quedas constantes de popularidade, provocadas por graves casos de incompetência e corrupção.

Ainda pesa sobre a ex-ministra, a péssima avaliação de sua passagem pelo ministério, classificada pela imprensa nacional como uma espécie de apêndice sem brilho da presidente, ou seja, quase que figurativa, no governo que se perdeu, ao fingir ouvir as críticas e os gritos das ruas, óbvio resultado da sua soberba e o afloramento de pequenas e grandes vaidades intestinas.

É bom lembrar que era Gleisi a figura atônita que estava do lado de Dilma no episódio da grande vaia na Copa das Confederações, portanto, ela não tem como negar para o eleitorado a participação, mesmo que fraca, no naufrágio petista. Há ainda, problemas de ex-assessores de Gleise que frequentam páginas policiais e que são verdadeiras bombas armadas contra as pretensões da ex-ministra – fatos tão nojentos que, com a desculpa dos leitores, me nego a comentar.

No entanto, Gleisi tem a seu favor fatores importantes e decisivos numa campanha que promete ser dura e por isso custosa: recursos financeiros oriundos de doações, provavelmente dos beneficiários das políticas de transferência de renda do governo Dilma: grandes empreiteiras, banqueiros, barões do ensino, entre outros. Uma campanha milionária que pode ser bancada com grandes investimentos em profissionais e estrutura, tendo a seu dispor um exército de funcionários comissionados distribuídos por repartições públicas e, sobremodo, nas prefeituras em que o partido tem ou divide o poder. Cito o exemplo de Curitiba, aonde marujos na moita – a maioria de primeira viagem – há um ano já preparam os planos da guerra pelo Iguaçu.

Mas como se supõe, há muita água para navegar ainda, em mares tão revoltos, em que fatores de desastres se renovam todos os dias, qualquer previsão dura no máximo até a manhã seguinte. Por enquanto, não há como duvidar, que o barco com demasiada água no convés é o de Gleisi, prontinho para virar. De resto, para os outros candidatos, é rever as cartas náuticas, navegar e esperar se safar dos possíveis encalhes, danos e naufrágios.

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