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Assessores tentaram abafar, mas foi inútil, Fruet foi vaiado por vários minutos |
Vivemos
um início de século nebuloso, confuso em ideologias, repleto de transformações
políticas. Em boa parte dos países não-democráticos ou com altas doses de
corrupção, gananciosos nos impostos, e sovinas em serviços – e, portanto, apartados
dos desejos do povo – as ruas e eventos públicos tornaram-se palcos legítimos
da demonstração da insatisfação geral. E isso vale também para outros níveis de
governo, como estados e prefeituras. O recado é claro: ou os políticos se
comportam de forma democrática, honesta e ouvindo os cidadãos, ou serão
sumariamente varridos da história e derrubados pela vontade da maioria. Dessa
maneira, hoje, mais do que qualquer outra época, o governante bem intencionado
tem que estar de braços com o seu povo.
Hodiernamente,
pela facilidade da população em se informar pela rede mundial de computadores,
não há mais espaço para o velho político enganador, aquele que promete e não
faz e que toma seus banhos diários na ducha do marketing mentiroso. O
interessante é que boa parte dos políticos não se atentou ainda para esse
detalhe de nossos dias e que salta aos olhos de qualquer observador atento. A
internet veio para acabar com as informações filtradas, com as dissimulações,
com as hipócritas promessas eleitoreiras, com a safadeza do marketing da
enganação.
A
prova disso apareceu na semana passada, quando Curitiba promoveu o III Fórum
Mundial da Bicicleta (FMB). O prefeito Gustavo Fruet (PDT), como sempre muito mal
informado pelos seus assessores e secretários, teve a infeliz ideia de
participar da abertura do evento e de mãos vazias, sem nada para mostrar além
do velho jeito de fazer política, no enrola neném: projetos, investimentos, mas obra que é mesmo nadinha. Pensava talvez, o prefeito
de Curitiba, que ali estava um bando de amestrados desinformados, pronto para
os aplausos e divinização de sua triste figura. Pensava ele que ninguém soubesse
que Curitiba tem graves questões ainda não resolvidas de mobilidade urbana. Em outras
palavras, gravíssimos problemas para o cidadão se mexer dentro da cidade, tais como:
congestionamentos; engarrafamentos; pavimentação inadequada nas ruas e calçadas;
buracos por todos os lados; sinalização deficitária; transporte público
ineficiente e sucateado; e, o que seria o mais importante para o aludido Fórum,
a falta de uma malha eficiente de ciclovias, pois a existente, de iniciativa de
outros prefeitos, é mínima, apresentando falhas de concepção, projeto e
adequação ao natural desenvolvimento da urbe. Isso sem contar lamentável estado das ciclovias e
absoluta falta de segurança para os ciclistas, que têm que cuidar da buraqueira
e rezar para não serem assaltados e perder as bicicletas, quando não a vida no
assalto, ou atropelamento.
Ora,
sem resultados práticos para mostrar nos seus sofríveis quase 14 meses de
suposta gestão, o prefeito aparece no Fórum com o discurso de promessas, de
diagnóstico sem ações concretas e satisfatórias. Esse tipo de discurso não
funciona mais, poderia sim, funcionar em jurássicas eras, no tempo da
comunicação feita com sinais de fumaça e de mão única, da assessoria do prefeito
passando direto para as oficinas dos jornais, sem que as vírgulas mal empregadas e a redação
tacanha fossem modificadas. Hoje, como disse, vivemos outros tempos: o tempo
das informações instantâneas, que surgem na velocidade da luz por várias
fontes; o tempo de uma geração informada, que tem pressa e vontade de
resultados.
Sem essas ponderações, o flácido, molenga mesmo, discurso do prefeito não encontrou ouvidos nos que participavam do Fórum, mas
sim a indignação numa sonora vaia, talvez a mais vexatória que se tem notícia
em nossa capital desde os tempos de que essa cidade respondia pelo singelo nome
de Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Nunca, em tempo algum, jamais, um
prefeito foi exposto a tal vergonha.
Depois,
como sempre vieram as explicações a chorar pitangas sobre a própria falta de
tato: ´´Os que estavam lá eram de grupos diferentes, pessoas interessadas nos
resultados das negociações da passagem de ônibus, traidores, mercenários
opositores´´ etc. Mas vamos e venhamos, se o encontro discutia entre outras
coisas a mobilidade urbana, é evidente que pessoas interessadas em transporte
coletivo deveriam estar ali. Ou seja, novamente, a perdida assessoria do
prefeito e seus secretários arrumavam um emplasto para diminuir a dor de um ego
profundamente magoado com a terrível ingratidão do povo.
Disso
tudo, há de se tirar lições: primeira, que a vida dos políticos não vai ser
nada fácil daqui para diante, o cidadão não aguenta mais discursos de oba-oba,
o povo quer resultados para demandas urgentes; segunda, Fruet não está livre de
outras vaias e mais contundentes, principalmente agora com a ameaça de um
grande movimento popular para impedir a majoração dos preços das passagens de
ônibus; terceira lição, não compreender que o político tradicional das
promessinhas e tapinhas nas costas já é um caso de arquivo histórico é, antes
de tudo, apostar no próprio fracasso que se refletirá na carreira sempre
buscada nas urnas. Definitivamente, o mundo se modernizou a partir das facilidades
cibernéticas. Mesmo com todo o perfume do marketing e com toneladas de grana
torradas na propaganda, não há mais maneiras de um político continuar enganando
o povo por dois minutos, quiçá para uma gestão toda.
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