quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Fruet, o prefeito nada e Curitiba sem transporte coletivo

Do nada, nada -- este pequeno verso do poeta Lucrécio (98-55 a.C.) nos diz muito daquilo que se passa na prefeitura de Curitiba e, em especial, no modo como ela vem sendo conduzida desastrosamente pelo prefeito Gustavo Fruet . O verso de Lucrécio é curto, porém esclarecedor, pois nada devemos esperar do nada além do próprio nada. Portanto, nada de bom é de se almejar quando temos uma administração ruim e que gestiona o nada em que se tornou. De Fruet, nada. Nada além do que o vazio do marketing do mau gosto, das firulas midiáticas, e das bravatas de momento como essa ameaça de colocar na cadeia o presidente do Sindicato dos Empresários e também o presidente do Sindicato dos trabalhadores do Transporte Coletivo de Curitiba.
Fruet colhe o nada que plantou em 14 meses de suposto governo e nós, cidadãos, sofremos com o nada que ele nos lega. Ao apostar no marketing da firula, do oba-oba, das festas paroquianas, da propaganda do ridículo, da pretensa cultura paga a preço de ouro, com o dinheiro do contribuinte para nos desviar a atenção dos reais problemas da cidade, o prefeito fez a aposta errada. Porque, mesmo frequentando o circo armado, o povo estava com o olho focado nas coisas que o incomodavam e incomodam. Um olho no gato e outro no peixe é o ditado que nossa gente conhece, pois já sabia, desde a última negociação (2013) entre a prefeitura e os setores envolvidos no transporte coletivo, em que se acertou uma tarifa muito elevada para os padrões do bolso dos trabalhadores curitibanos, que era necessário ficar mais de olho no gato do que no peixe. O cidadão estava ressabiado, desconfiado, com um prefeito que cedeu tão facilmente aos desejos do empresariado, sem ao menos verificar com lupa a planilha dos custos. Tarefa legada a uma CPI que, de forma exemplar, descobriu valores absurdos no que havia passado grosseiramente pela análise dos burocratas da prefeitura. Números confirmados pelo Tribunal de Contas do Paraná e que determinam uma tarifa bem inferior à ajustada entre as empresas e o prefeito.
Para ilustrar o nada que diz nos governar, em atitudes e lógica, vamos analisar a nota divulgada nesta quarta-feira nas redes sociais pelo Gustavo Fruet. Ei-la: ´´Não vou permitir tarifa de ônibus a R$ 3,40, como querem empresários. Se ficar comprovado que esta greve é uma articulação para forçar o reajuste da tarifa, vou pedir a prisão do presidente do Sindicato dos Empresários e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores. Curitiba hoje banca 30% do subsídio para os municípios da região metropolitana. Não é justo que Curitiba assuma uma responsabilidade que é do Governo do Estado.``
Não mais entrando no mérito da repentina valentia do nosso viril prefeito, vamos analisar primeiramente os problemas de lógica. ´´Não vou permitir tarifa de ônibus a R$ 3,40´´, sim mas pela ideia da frase, pode-se inferir, que qualquer valor dentro do intervalo dos atuais R$ 2,70 e R$ 3,39 seria admissível -- R$ 3,30, por exemplo -- isso assim resolvido, Fruet nos dá ideia que só nos restará chorar no Carnaval. 
Outra: ´´Se ficar comprovado que esta greve é uma articulação para forçar o reajuste da tarifa, vou pedir a prisão do presidente do Sindicato dos Empresários e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores´´, ou seja, se não for comprovado tudo também estaria resolvido e a bravata fica por isso mesmo e depois se acertaria um novo reajuste. Voltamos pois a chorar na festa de Momo.
Por último: ´´Curitiba hoje banca 30% do subsídio para os municípios da Região Metropolitana. Não é justo que Curitiba assuma uma responsabilidade que é do Governo do Estado.``Vejam que frases infelizes de nosso alcaide, que pelo jeito, entre outras coisas, desconhece solidariedade ao jogar a culpa dos problemas da cidade no governo do Estado como é de seu costume; aliás é de estranhar que não tenha colocado a culpa em seu antecessor, coisa que lhe é de costume também. 
Este homem definitivamente não tem coração. Fruet não considera nessas últimas linhas, lamentavelmente, a necessidade e justiça neste subsídio estatal que nasceu com outros prefeitos decentes de Curitiba que constataram o óbvio:  não seria justo penalizar o cidadão da Região Metropolitana por ele gerar riqueza e impostos aqui na capital. Aquele bravo trabalhador que mora lá nos cafundós do judas e que ganha uma miséria, que mal dá para garantir o ovo na marmita, tem que ser recompensado. 
Somente quem já acordou as quatro horas da manhã para apanhar um ônibus lotado para trabalhar em Curitiba e gerar, com a força dos seus braços, os impostos, que cobrem uma folha de pagamento de quase cinco mil comissionados da prefeitura, sabe o quanto é importante esse subsídio na tarifa. Oxalá fosse maior, 100%, porque Curitiba deve muito a essa gente e a prefeitura também, quando desperdiça em propaganda o dinheiro que deveria estar servindo de benefício aos trabalhadores -- esses entes sociais que não são nada para o prefeito, mas são tudo para a economia da cidade e seu desenvolvimento. 

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