quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Fruet teme denúncias nas pichações?

O prefeito Gustavo Fruet teria algum receio oculto quanto as pichações na cidade de Curitiba? - Não há outra explicação para a falta de respeito com as tradições humanas que justifique esta cruzada publicitária da Prefeitura contra as pichações, que é um fenômeno histórico. Há anos, gasta-se um monte de grana do povo para dizer para o povo que ele não deve se expressar. Inventam-se milhares de desculpas para convencer o povo a esquecer o que ele é, algo que vive e que tem o direito de dizer o que quiser e da forma que acha melhor. Enquanto isso, postos de saúde transformados em açougue por falta de investimentos. Gente é prioridade, paredes não são prioridade; dizem que a pichação suja a cidade, porquanto sabemos muito bem quem realmente emporcalha Curitiba.
A propósito, não é apenas uma tradição curitibana usar as ruas para pichações, principalmente para denunciar arbítrios, desmandos do poder público, fofocas e até mesmo casos de adultério: homem com homem, mulher com mulher etc. Parece-me ser esse o medo de Fruet, o povo se expressar. Pichar é uma tradição do mundo todo e que começa já no desenvolvimento da gravura e escrita, enraizada em todas as civilizações. Somos o que somos porque aprendemos a berrar em praça pública e porque rabiscamos muros, paredes e cavernas.
Coibir a pichação é mijar no mar, governo algum conseguiu proibi-la, é o mesmo que ignorar séculos de história e jogar montanhas de dinheiro do povo no lixo. Na antiga Roma, as pichações se faziam em vias públicas. Os mercados e os muros eram usados para denunciar ou somente para rabiscar.
Em Pompéia, há mais de 2 mil anos encontram-se registros desta prática e é pela análise desses "grafites" e ilustrações que temos a noção de boa parte da pronúncia das palavras da época de ouro do Império Romano, principalmente porque o povo grafava as palavras como eram pronunciadas e não como as normas cultas da língua preconizavam. Veja esses exemplos do que estava num dos muros de Pompéia::


C. Iulium Polybium / aed(ilem) o(ro) v(os) f(aciatis), panem bonum fert - (Peço-vos que votem em Júlio Políbio para edil - vereador - , faz bom pão).
Lucius pinxit - ( Lúcio pintou isto).
Lucrum gaudium - (O lucro faz a felicidade).
Pituita me tenet - (Apanhei uma constipação).
Pecunia non olet - (O dinheiro não cheira mal).
Myrtis bene felas - (Myrtis, tu fazes uns felatios muito agradáveis. - fello ou felo, verbo que significa chupar, mamar).
Ora, conhecer história e costumes faz bem para qualquer um, porque assim se evita o ridículo de se querer mudar o que não se muda por decreto ou por campanhas que parecem só ter um propósito, gastar o dinheiro do povo. O mesmo povo que não consegue um mísero remédio nas unidades de saúde e que vive enlatado nos ônibus do transporte coletivo sucateado da cidade. Aliás, falando em campanha publicitária, essa Myrtis tinha um bom marketeiro -porquanto há dois mil anos que o mundo todo está sabendo de suas habilidades em felatios e ela não deve ter torrado um tostão para isso!

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