domingo, 18 de janeiro de 2015

A "esquerda" caviar politicamente imbecilizada

Sou um matuto, desses de criação bruta e feitos para o trabalho. Desses que têm no Sol o relógio para o bom combate e que trazem como segundo ofício, entre uma enxadada e outra, a arte de matutar, pensar ad infinitum na morte da bezerra e sua imponderável influência na ordem universal.  E foi matutando que aprendi a respeitar as palavras, não o que elas dizem simplesmente, mas o que elas nos escondem, porque palavra é igual gente, em poucas se pode fiar com tranquilidade d’alma e espírito desarmado. A maioria delas guarda olhares dissimulados, mente no meio das verdades, pois que, amiúde, não estamos dispostos a ver o nu da verdade, as suas cicatrizes mal curadas, os seus enrugamentos emprestados pelos anos em que se viu cativa da ignorância.

Marcus Tullius Cicero (106-49 a.C)
Neste século que se iniciou em muxoxos para a cultura, nos juvenis arroubos desconstrutivos em nome de uma pretensa modernidade, estamos sob a égide de violenta censura contida no “politicamente correto”. Neste triste século XXI, chegamos ao cúmulo de colocar cabresto em nossos próprios pensamentos para não descontentar aos que cultuam verdades convenientes, grandes mentiras para não encrespar as ondas que embalam suas rotas naus, construídas sobre proposital falta de ciência de nosso povo, forjadas por uma educação indigente, que é proposta por uma elite esponjosa e que ganha dinheiro na especulação financeira e na espoliação dos que produzem e trabalham.

O tempora, o mores! – lamentava-se Cícero em seus discursos no Senado Romano. Ó tempos, ó costumes! – também deve ser nosso lamento. Somos miseráveis cordeiros a assistir, impávidos, a transformação de palavras em grandes expressões idiotas só para dizer que a noite não é negra como sabemos que é – que o branco não é branco e que o preto não é preto. Ó tempo, ó costumes em que os envergonhados racistas criam expressões para mostrar que o racismo estava na cor, na palavra que descreve a cor, e não no coração deles.

No português, no latim e em quase todas as línguas, temos uma palavra ou expressão exata para cada coisa, para descrever a coisa em si. Por isso, cuidados ao se tropeçar em grandes expressões que dão “nome” ao que já existe no idioma. Mormente, essas expressões guardam em si a censura, o preconceito e um desejo político abjeto engendrados pelos beneficiários de nosso silêncio.

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