quinta-feira, 6 de março de 2014

OS DEGREDADOS E OS NOVOS LADRÕES

Olhai, meus amigos. Olhai, meus irmãos
Este vasto Atlântico que banha Portugal
É o mesmo oceano desconhecido e abissal
Que trouxe lágrimas de sal a esta nação

Trouxe-nos ele os grandes heróis Cruzados
Que aqui não ficaram
Pois em naus buscavam em todos os mares
As glórias passageiras deste mundo cão

A todo torrão encontrado
Faziam erguer uma Cruz
E partiam em busca doutras terras
Apenas por Netuno guiados

Mas por desgraça e vontade dos Ceús
Foram essas mesmas naus
Que suportaram o açoite das tempestades
Que aqui deixaram os degredados, os condenados vis
Para escravizar os nativos e formar governos desonrados
Legando aos que viriam triste herança moral de seus crimes
Perpetuada nas leis que penalizam o povo
E livram os verdadeiros ladrões do cárcere.

Assim se formou nossa pátria
Errada e já tardiamente
Paraíso tropical, que nunca deu certo
Pois o que a governa despreza
O suor de sua honrada gente
E a rouba e a escraviza e a submete
Descaradamente, vergonhosamente

De tal sorte que, qualquer governante
Salvo os poucos decentes
Teve nos degredados
O exemplo que fez seu
Pois sua índole nunca foi heroica
Antes foi sempre má e indecente.

¿Ó Portugal, grande pátria da minha ancestral língua
Pátria de homens de valor, de gente trabalhadora e boas leis
Por que nos levaste quase todos os bons e nos deixaste os trastes?

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